Littero estava na biblioteca, rindo e tentando desvendar os olhos de seu amor. Debruçada na sua frente, apoiando o queixo entre as mãos, uma jovem com ar doce e inocente sorria. Sua touca bege caia para o lado, em conformidade com os cabelos negros, como um lobo guará.
Aquele sorriso não passava nenhum sentimento de perda ou negatividade. Era leve, livre e completamente sincero.
Eu o via.
Sentia de longe o cheiro da peçonha, da falsa integridade, o cheiro da dominação. Suas falas não me enganavam, eu a conhecia melhor do que ninguém.
O pobre jovem, doente de tanto sorrir perdeu-se em meio ao encanto da moça, trazendo-lhe para perto de si.
Eu a sentia.
Seu coração, amargurado pela indiferença e lapidado com malvadeza e sem compaixão, recriava em mente como iria executar seu plano. Mais um sorriso surgia.
Eu a compreendia.
Enfim o beijo veio. Doce, tímido, ávido.
Seu plano já estava findado. Não teria outra reação.
Sai, triste por saber o final daquela recente história.
Eu era a alma dela.
Eu era a decepção.
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